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Mostrando postagens de 2016

VERWANDLUNGEN

Ich will die Nacht um mich ziehn als ein warmes Tuch Mit ihrem weiβen Stern, mit ihrem grauen Fluch, Mit ihrem wehenden Zipfel, der die Tagkrähen scheucht, Mit ihren Nebelfransen, von einsamen Teichen feucht. Ich hing im Gebälke starr als eine Fledermaus, Ich lasse mich fallen in Luft und fahre nun aus. Mann, ich träumte dein Blut, ich beiße dich wund, Kralle mich in dein Haar und sauge an deinem Mund. Über den stumpfen Türmen sind Himmelswipfel schwarz. Aus ihren kahlen Stämmen sickert gläsernes Harz zu unsichtbaren Kelchen wie Oportowein. In meinen braunen Augen bleibt der Widerschein. Mit meinen goldbraunen Augen will ich fangen gehn, Fangen den Fisch in Gräben, die zwischen Häusern stehn, Fangen den Fisch der Meere: und Meer ist ein weiter Platz Mit zerknickten Masten, versunkenem Silberschatz. Die schweren Schiffsglocken läuten aus dem Algenwald. Unter den Schiffsfiguren starrt eine Kindergestalt, In Händen die Limone und an der Stirn ein Licht. Zwischen uns...

SONNET

Elizabeth Bishop Caught — the bubble in the spirit level, a creature divided; and the compass needle wobbling and wavering, undecided. Freed — the broken thermometer’s mercury running away; and the rainbow-bird from the narrow bevel of the empty mirror, flying wherever it feels like, gay!                           SONETO Cativas – a bolha no interior do nível, um ser dividido; na bússola, a agulha oscila, em terrível irresolução. Libertos – o azougue, quebrado o termômetro, escorre no chão; o pássaro-íris pula do bisel do espelho vazio, e voa no céu sem rumo, feliz! Tradução de Paulo Henriques Britto
Eu tenho um sonho! Desses que homens vislumbram do alto de uma montanha, desses que passam pelos caminhos e neles permanecem, desses obsessivos que não saem diante dos olhos, desses muito além do corpo. Um sonho estranho... Desses de couraças e diamantes inquebrantáveis, desses que sopram ventos irrespiráveis. Um sonho grisalho de mãos apertadas e olhos plácidos, desses de lobos cinzentos com seus sons vibrantes e melancólicos. Um sonho vazio e repleto, tal como os olhos da loucura.  Desses de punhos cerrados que gritam por liberdade e daqueles que se prostram expondo o dorso retorcido. Sonhos que não só flamejam, mas que ofuscam, aquecem, queimam e ardem os olhos vazios da desesperança – vermelhos. Sonhos que almejam o comum, a normalidade, a iniquidade, por isso tão distantes e estranhos, vivos e sonâmbulos. Desses que anseiam ser mangas colhidas e sorvidas em amor. Eu tenho um sonho, um pequeno grande sonho, um pequeno grande e desespe...
Igual ao bálsamo fértil das flores, elas gotejam... Umas escorrem e se desmancham pela face dando aos lábios o sal e o amargor vivido, outras seguem em cristais convidando as mãos ao toque dissolvente em pele - suspiros infantis, a procura na imagem, no espelho. Mais triste do que as causas, é vê-las surgindo em meio aos soluços interrompidos e à loucura retorcida. Mais triste do que o fim da tarde, é o rastro líquido da desilusão... Não são lágrimas mais que os olhos vertem, nem ânsia de amor, são pedras do tempo, de esquecimento e de morte.                                                                   ...

Que este amor não me cegue nem me siga

Que este amor não me cegue nem me siga E de mim mesma nunca se aperceba. Que me exclua do estar sendo perseguida E do tormento De só por ele me saber estar sendo. Que o olhar não se perca nas tulipas Pois formas tão perfeitas de beleza Vêm do fulgor das trevas. E o meu senhor habita o rutilante escuro De um suposto de heras em alto muro. Que este amor só me faça descontente E farta de fatigas. E de fragilidades tantas Eu me faça pequena. E diminuta e tenra Como só sóem ser aranhas e formigas. Que este amor só me veja de partida.                                                       Hilda Hilst  Ver: Azougue 10 anos org. Sérgio Cohn. Rio de Janeiro: Azougue Editorial 2004

De tanto te pensar, Sem Nome, me veio a ilusão

De tanto te pensar, Sem Nome, me veio a ilusão. A mesma ilusão Da égua que sorve a água pensando sorver a lua. De te pensar me deito nas aguadas E acredito luzir e estar atada A fulgor do costado de um negro cavalo de cem luas. De te sonhar, Sem Nome, tenho nada. Mas acredito em mim o ouro e o mundo. De te amar, possuída de ossos e de abismos Acredito ter carne e vadiar Ao redor de teus cimos. De nunca te tocar Tocando os outros Acredito ter mãos, acredito ter boca Quando só tenho prata e focinho. Do muito desejar altura e eternidade Me vem a fantasia de que Existo e Sou. Quando sou nada: égua fantasmagórica Sorvendo a lua n'água.                                   Hilda Hilst Ver: Azougue 10 anos org. Sérgio Cohn. Rio de Janeiro: Azougue Editorial 2004.
  Gregor Samsa e a sua metamorfose   E m “A metamorfose”, livro narrado em terceira pessoa, Franz Kafka nos conta a história de um homem, Gregor Samsa, que se torna um inseto. A estranheza do enredo vem à tona logo na primeira frase da novela: “Quando Gregor Samsa, numa certa manhã despertou de seus sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama transformado em um inseto monstruoso”. (p. 1, 2007, tradução nossa). A partir de sua metamorfose, Samsa, enquanto inseto estranho, não consegue mais realizar suas atividades diárias, como por exemplo, o trabalho de caixeiro-viajante.   Assim, o narrador descreve minunciosamente as dificuldades do protagonista ao se levantar da cama, ao perceber-se atrasado para o trabalho. Além disso, a obra cria certa expectativa na aparição do inseto à família e ao procurador da empresa, que vai até a casa de Samsa para saber a respeito de seu atraso na estação ferroviária.   O pai (figura importante em toda obra de Kafka), a mãe ...