domingo, 21 de dezembro de 2014

O lobo




Diante de mim, olho e não vejo nada.
Tacitamente atravesso o chão forrado de pedregulhos
e sinto o aroma gélido da terra.

Em noites, canto músicas contínuas...
e as luzes me alucinam.
Uma pequena presença e meus olhos tornam-se rubros e
oblíquos, meus lábios obtusos,
minha felpa crispada e meu corpo esquivo e ofensivo.
Quando um corpo se coloca diante de mim e me encara, eu o devoro.

Mas, diante de uma distração, emudeço.

                                                  *Pollyanna Nunes Ramalho 22/12/2014