segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Eu tenho um sonho!
Desses que homens vislumbram do alto de uma montanha,
desses que passam pelos caminhos e neles permanecem,
desses obsessivos que não saem diante dos olhos,
desses muito além do corpo.

Um sonho estranho...
Desses de couraças e diamantes inquebrantáveis,
desses que sopram ventos irrespiráveis.
Um sonho grisalho de mãos apertadas e olhos plácidos,
desses de lobos cinzentos com seus sons vibrantes e melancólicos.

Um sonho vazio e repleto, tal como os olhos da loucura. 
Desses de punhos cerrados que gritam por liberdade e
daqueles que se prostram expondo o dorso retorcido.

Sonhos que não só flamejam, mas que ofuscam, aquecem,
queimam e ardem os olhos vazios da desesperança – vermelhos.
Sonhos que almejam o comum, a normalidade, a iniquidade,
por isso tão distantes e estranhos, vivos e sonâmbulos.
Desses que anseiam ser mangas colhidas e sorvidas em amor.

Eu tenho um sonho, um pequeno grande sonho, um pequeno grande e
desesperado sonho!

Um sonho azul, de cabeças de vento e olhos fugazes.
Desses feito castelos de areia e olhos de vidro,
desses que carregam tantas expectativas e se edificam no ar,
desses que se perdem em tempo e calma – brancos,
que resgatam o dia da noite.
Desses enraizados em outros sonhos de pedra.


Pollyanna Nunes