domingo, 24 de janeiro de 2016

Que este amor não me cegue nem me siga

Que este amor não me cegue nem me siga
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.

Que este amor só me faça descontente
E farta de fatigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só sóem ser aranhas e formigas.

Que este amor só me veja de partida.

                                                      Hilda Hilst
 Ver:

Azougue 10 anos org. Sérgio Cohn. Rio de Janeiro: Azougue Editorial 2004

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