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Tipografia do coração

Não sei quais palavras escolher quando penso em você, ou no que fomos. E toda palavra
aleatória de pessoas: amigos e amigas me faz lembrar daqueles momentos que olhava seu
rosto contra o sol e era como se fosse tudo. À vezes não sei bem de quem estou falando acho que este você não existi . Existe e talvez seja a mim uma mescla de um ideal de alguém que goste ou gostei muito. Está na minha vida como um momento de paz tão difícil – ainda mais agora. É dissonante feito o ar, uma respiração. Sinto sua falta ou de mim. Eu não sei, estou mesmo cansada. Explicar as minhas dores é difícil. Não era pessoas novas que queria na minha vida, era você ou que tudo estivesse bem. E não pode imaginar o que tem sido a mim. E quer saber, você era feito flores caídas que forravam o meu chão ou um ar, ou um fôlego quando tudo estava ruim ou talvez você era aquele olhar que eu carregava ou você era o nó na minha garganta. Ajudava pensar em você quando tudo estava completamente impossível e mesmo nas minhas palavras mais vulgares por engano foi porque
no fundo imaginei você no amago da minha existência. E me cansa mais ainda me sentir uma sonambula pelas tardes do meu dia e mais ainda me enfastia certas coisas que não pode entender. As palavras rudes dos seus, você não sabe. Doem. Doem mais ainda os meus e ver tudo igual todos os dias. E escondo a sua existência nas minhas palavras. E não se pode saber porque não tenho imagem alguma sua, lembrança. Aquelas cartas talvez tenha guardadas alguma ou talvez jogou todas fora. Já não sei mais o que sou e se é você quem é importante ou quem me ensinou tantas coisas. Tudo se mistura. O que adianta ver alguém parecido com você se não é você. É um reflexo, uma fisionomia, um contorno mal feito do que é você. As minhas dúvidas são tantas. Quem é você? (Ce) não posso mais dizer  – acordo e não quero mais falar de seu nome –

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