O
plano-piloto para a poesia concreta publicado em 1958, em noigandres, se
realizou na tentativa de esclarecer as intenções dessa nova abordagem poética,
que não se interessava pela estrutura linear e discursiva do verso.
A
proposta dos irmãos Campos e de Décio Pignatari sobre a poesia concreta não
era, a meu ver, de uma ruptura com o passado, mas sim de uma evolução das
formas poéticas antes utilizadas. Essa teoria se coloca como linha de frente para
a poética voltada para além dos recursos verbais.
Os recursos espaciais, como também os sonoros
ganham grande importância na construção do sentido. Muitos são os poemas
publicados por Augusto de Campos que se relacionam com as ideias presentes no
plano-piloto. No entanto, neste trabalho será tratado apenas dois poemas, como
“Tensão” e “Ovo novelo”.
No
poema “Tensão”, é possível perceber a comunicação entre a linguagem verbal,
visual e também sonora.
com can
som tem
com ten tam
tem são bem
tom sem
bem som
Como
é proposto no plano-piloto o poema valoriza o espaço e suas formas geométricas,
em que seu eixo fixo se dá em ten/são,
que se realiza nos três planos. No plano verbal a tensão se coloca com a quebra
da discursividade, já no plano sonoro, se instala pelos trocadilhos em que, as
palavras possuem as mesmas características sonoras e a tensão do plano visual
se dá, pelas múltiplas formas de ser ler o poema. A partir de uma perspectiva
semântica que se liga a forma há também, a tensão entre as duas extremidades com som x sem som. O que se realiza é uma simultaneidade
da comunicação verbal e não verbal.
Já o poema ovo
novelo se relaciona com o aspecto do isomorfismo tratado pelo plano piloto para a poesia concreta, em
que a forma do poema imita a forma oval.
O diversos efeitos sonoros e visuais servem de estrutura para a temática
do nascimento e do ser humano como mero número zero no mundo.
Pollyanna Nunes Ramalho
CAMPOS, Auguto de. Ovo Novelo. In: Viva Vaia. São Paulo, Ateliê Editorial, 2001.
CAMPOS, Augusto; CAMPOS, Haroldo; PIGNATARI, Décio. Teoria da
poesia concreta. São Paulo, edição dos autores, 1958.
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