Estava pensando como escrever um conto. Só que há um problema, não gosto de falar de mim, o que parece inevitável muitas vezes. Então teria que inventar uma estória. Ouvi dizer que quem conta um conto aumenta um ponto. Difícil criar uma estória. Não queria falar sobre mim, está que narra. A narrativa é um (entre)mesclar de palavras, frases e como dizer tudo com palavras doces, se a maior parte dos que convive entre nós: aqueles, que você o leitor bem conhece, não têm uma língua tão amistosa. O escritor não parece escrever para agradar, ao que parece escreve por escrever. Na verdade, não sei, vai de sua língua, de seu pesar. O agradável está nos sentidos de quem lê e não nas mãos de quem escreve. Vou dizer por mim, quando leio uma estória, às vezes fecho os olhos e abro de novo e penso na grandiosidade da simplicidade de palavras de alguns escritores. Já ouvi muito lero lero. E reparo muito, não sei o motivo, mas reparo nas palavras. Será que estou em boas mãos, às vezes me pergunto? Há aquelas pessoas que conseguem ver um todo, no sentido da frase e de uma amplitude no conjunto de palavras e frases - só que eu não consigo, sempre olho as palavras. Quando, não sei uma palavra, então aquilo me deixa reflexionante. Fiquei pensando neste lero lero... que ouvi. E gostei de ouvir ... dizer lero lero, porque ele disse na sua simplicidade. Um conto, uma estória é quase um lero lero, no sentido da letra. Todo mundo sempre quer escrever e ser como muitos dos grandes autores. Algo difícil porque são imbatíveis e com toda certeza sobre o que estou falando tem algo de lero lero… O lero lero é para distrair é para esquecer um pouco o que não se quer lembrar. É para dizer de modo sútil, não gosto disso. Só que, queria mesmo era que o tempo voltasse, a sucessão de acontecimentos. Parece estranho dizer isso: porque o tempo não volta. Sempre achei que não, eu acho que não. Queria que voltasse apenas há cinco anos ou sete anos. Só que o tempo não volta... E não sei falar sobre o tempo. O tempo é algo difícil e quando a chuva cai nunca sei se é bom, também nuca sei se a lua grande e brilhante na janela é bom. Hoje, é dia de sol ao menos aqui onde estou. O sol é tudo. Só que o sol é muito sublime. A chuva também é sublime, o rio e o mar, o vento – só que o sol é imbatível. O sol aquece e queima. O sol ilumina e ofusca. Do sol é preciso se proteger. Ele nos dá vida, mas há certa distância necessária. Tudo o que sei é que o sol é importante. O lero lero é um modo de proteger àqueles que amamos. Vou encher este texto de lero lero, de palavras soltas para não deixar e não colocar nada do que é importante para mim visível. É um modo de figuração, o que na poesia acho mais próximo. A figuração, a transfiguração é o caminho – de dizer – sem dizer, o que você sabe. Por isso, estou aqui me esforçando para dizer isso a você que sabe ou que deveria saber que as palavras que mais me envolvem são as simbólicas. E que está difícil explicar a apenas quem precisa saber. Li um poema e minha dúvida permanece: O poema chama “Reencontro com a amada” é de um escritor a outro alguém. E o verso fica em meu pensamento “Mas não o já velado, revelado demais que desencantou”. E a minha dúvida de leitora assídua, há anos, permanece. E outro verso “Mas a nudez nem existe.”. "O pio do quero-quero" e amizade, será que existe? "saya’su, acauã". E o que fica. E o que é importante. São muitas dúvidas.
De Pollyanna Nunes Ramalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário