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Mostrando postagens de janeiro, 2016

Que este amor não me cegue nem me siga

Que este amor não me cegue nem me siga E de mim mesma nunca se aperceba. Que me exclua do estar sendo perseguida E do tormento De só por ele me saber estar sendo. Que o olhar não se perca nas tulipas Pois formas tão perfeitas de beleza Vêm do fulgor das trevas. E o meu senhor habita o rutilante escuro De um suposto de heras em alto muro. Que este amor só me faça descontente E farta de fatigas. E de fragilidades tantas Eu me faça pequena. E diminuta e tenra Como só sóem ser aranhas e formigas. Que este amor só me veja de partida.                                                       Hilda Hilst  Ver: Azougue 10 anos org. Sérgio Cohn. Rio de Janeiro: Azougue Editorial 2004

De tanto te pensar, Sem Nome, me veio a ilusão

De tanto te pensar, Sem Nome, me veio a ilusão. A mesma ilusão Da égua que sorve a água pensando sorver a lua. De te pensar me deito nas aguadas E acredito luzir e estar atada A fulgor do costado de um negro cavalo de cem luas. De te sonhar, Sem Nome, tenho nada. Mas acredito em mim o ouro e o mundo. De te amar, possuída de ossos e de abismos Acredito ter carne e vadiar Ao redor de teus cimos. De nunca te tocar Tocando os outros Acredito ter mãos, acredito ter boca Quando só tenho prata e focinho. Do muito desejar altura e eternidade Me vem a fantasia de que Existo e Sou. Quando sou nada: égua fantasmagórica Sorvendo a lua n'água.                                   Hilda Hilst Ver: Azougue 10 anos org. Sérgio Cohn. Rio de Janeiro: Azougue Editorial 2004.
  Gregor Samsa e a sua metamorfose   E m “A metamorfose”, livro narrado em terceira pessoa, Franz Kafka nos conta a história de um homem, Gregor Samsa, que se torna um inseto. A estranheza do enredo vem à tona logo na primeira frase da novela: “Quando Gregor Samsa, numa certa manhã despertou de seus sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama transformado em um inseto monstruoso”. (p. 1, 2007, tradução nossa). A partir de sua metamorfose, Samsa, enquanto inseto estranho, não consegue mais realizar suas atividades diárias, como por exemplo, o trabalho de caixeiro-viajante.   Assim, o narrador descreve minunciosamente as dificuldades do protagonista ao se levantar da cama, ao perceber-se atrasado para o trabalho. Além disso, a obra cria certa expectativa na aparição do inseto à família e ao procurador da empresa, que vai até a casa de Samsa para saber a respeito de seu atraso na estação ferroviária.   O pai (figura importante em toda obra de Kafka), a mãe ...