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Mostrando postagens de novembro, 2011

Tu - Pantera - escura noite!

Tu - Pantera - escura noite! Largando pêlo na treva a luz se mescla, amarela,  e lustra o dorso da serra. Que sol, girassol de encosta, moeu seu grão nessa esteira? Que lua sangrou - te a fronte ó noite escura - pantera? Um astro brilha em melaço orvalho da fome negra poreja tua língua inerme. Rompendo, o verde te cega, o olhar se aquieta em cisternas e a aurora baixo em teu rastro. Maria Ângela Alvim

Friedrich Nietzche

A mulher completa incorre em literatura como incorre num pecadilho: como experiência, de passagem, olhando em volta para ver se alguém a está notando, que alguém a está notando...  (Crepúsculo dos Ídolos: Tradução de Paulo César de Souza)

Mulher Adomercida

Moro no ventre da noite: sou a jamais nascida. E a cada instante aguardo vida. As estrelas, mais o negrume são minhas faixas tutelares e as areias e o sal dos mares. Ser tão completa e estar tão longe! Sem nome e sem família cresço, e sem rosto me reconheço. Profunda é a noite onde moro. Dá no que tanto se procura. Mas imtransitável, e escura. Estareium tempo divino como árvore em quieta semente, dobrada na noite, e dormente. Até que de algum lado venha a anunciação do meu segredo desentranhar-me deste enredo, arrancar-me à vaguesa imensa, consolar-me deste abandono, mudar-me a posição do sono. Ah, causador dos meus olhos, que paisagem cria ou pensa para mim, a noite é densa? Cecília Meireles ( Livro Mar Absoluto)

As ilhas Afortunadas

Que voz vem no som das ondas Que não é a voz do mar? É a voz de alguém que nos fala, Mas que, se escutamos, cala, Por ter havido escutar. E só se, meio dormindo, Sem saber de ouvir ouvimos, Que ela nos diz a esperança A que, como uma criança  Dormente, a dormir sorrimos. São ilhas afortunadas, são terras sem ter lugar, Onde o Rei mora esperando. Mas, se  vamos despertando, Cala a voz, e há só mar. Fernando Pessoa (Livro Mensagem)

Belo Artesanato

Estou só não nego, sempre enamorada Tudo isso me mostra que sim por isso é aventura sem fim. Estou virando uma libertária. Essa completa escassez de Arte demontra-me o valor do artesão e estar a me ensinar a paixão. Piedade! Estou a sentir em toda parte! Acho que não vou querer piedade, nossa... reclamação sem fundamento que não faz parte desse nosso entendimento. Que palavras sem habilidades... Penso que aprendi a lição de o amar docemente Artesão. Pollyanna Nunes Ramalho 2003

Incerteza

Estar confusa, sem saber para onde ir... Qual o caminho seguir... Isso é muito leviano? É no meio de toda essa confusão que a maior incerteza que tenho é o meu amar-te. Mas isso me causa inspiração. Tu que tiras o meu fogo, que tiras o meu frio, que tiras a minha dor, que me deixa sem segmentos. A incerteza, o não estar é uma pobreza, mas o amor não. Pollyanna Nunes Ramalho

Cavaleiro das Armas Escuras

Cavaleiro das armas escuras, conheço a ti. Sim, o conheço! De onde? De um poeta romântico. Penso que há uma ilusão por isso se tornou esse sanguinário. Oh! Cavaleiro, lembro-me de ti, lembro-me  daquela inocência que se perdeu. O que estás fazendo? O que estás segurando? Quer provar algo? Tu cavas a morte  e o fado. Com a espada envolvida de fogo e ganância  tu provas a minha mortalidade e a coragem de um covarde. Pollyanna Nunes Ramalho 2004

Meu íntimo

Quando estou aqui, assim, no meu íntimo. É neste momento que eu vejo o céu. Não o céu de tom azul oceano dia, mas sim, o céu azul oceano noite  e não é aquele céu oceano noite estrelado. Estrelado é só nos pequenos cantos do mundo, onde a iluminação engenhosa não chegou. Meu íntimo é como o céu oceano estrelado. Pollyanna Nunes Ramalho

A marcha da História

Eu me encontrei no marco do horizonte Onde as nuvens falam, Onde os sonhos têm mãos e pés E o mar é seduzido pelas sereias. Eu me encontrei onde o rel é fábula, Onde o sol recebe a luz da lua, Onde a música é pão de todo dia E a criança aconselha-se com as flores. Onde o homem e a mulher são um, Onde espadas e granadas Transformam-se em charruas, E onde se fundem verbo e ação.