Há tantas noites, pairam meus pensamentos sobre as montanhas ogivais deste lugar e se adentram espectralmente através das três faces da cidade: a adormecida, a acesa e a fantasmagórica. Há tantas noites, eles seguem a imaginar os corpos esticados enredados na trama dos lençóis. Há tantas noites, eles abandonam o meu corpo tão desfeito e fluem em direção a cifra dos segredos... Além deles... Quantos seres adormecem solitários engolfados no próprio desejo de encerramento? Nas covas da imensa escuridão, quantos corpos se enterram ou quantas mulheres se debatem à luz de uma nova vida? Em quantas ruas ou becos se embalam seres transfigurados em restos de lixo? Seres que seguem como fantasmas entregues a eterna convalescença. Por um lance de minutos, eles pairam novamente... e eu não quero ir mais contra – que fiquem então ao meu lado, que me façam ver o espelhamento do dia – meus pensamentos. E eles retornam através da descontinuidade e de um...
Neste blog, há textos de aulas que assisti durante graduação em Letras, são contos, poemas, entre outros. "Leituras descontínuas" tem relação com as leituras que faço no dia-a-dia. São leituras de poemas, trechos de livros, pois que não existe continuidade nas leituras: lê-se um livro, uma imagem, um outdoor, um poema, um conto, uma crônica, por isso a descontinuidade. A maior parte dos textos - quando meus, são apenas ficções, sem correspondência exata com a realidade.