segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Trecho do livro Grande Sertão Veredas

"(...) Só o que eu quis todo o tempo, o que eu pelejei para achar era uma só coisa —a inteira — cujo significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era? que existe uma receita, a norma dum caminho certo, estreito de cada uma pessoa viver— e essa pauta cada um tem — mas a gente mesmo, no comum não sabe encontrar: como é que sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber? Mas esse norteado, tem. Tem que ter. Se não a vida de todos ficava sendo sempre confuso dessa doideira que é. E que para cada dia e cada hora, só uma ação possível da gente é que consegue ser a certa. Aquilo está no encoberto; mas fora dessa consequência, tudo o que eu fizer, o que todo o mundo fizer,ou deixar de fazer,fica sendo falso, e é o errado. Ah, porque aquela outra é a lei,escondida e vivível mas não achável no, do verdadeiro viver: que pra cada pessoa,sua continuação já foi projetada,como o que se põe,em teatro, para cada respresentador — sua parte,que antes ja foi inventada,num papel (...)"(Trecho do livro Grande Sertão Veredas de Guimarães Rosa)

Arte de amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação,
não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.


As almas são incomunicáveis.


Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.


Porque os corpos se entendem, mas as almas não.


(BANDEIRA, Manuel)