Eu tenho um
sonho!
Desses que
homens vislumbram do alto de uma montanha,
desses que
passam pelos caminhos e neles permanecem,
desses
obsessivos que não saem diante dos olhos,
desses muito
além do corpo.
Um sonho
estranho...
Desses de
couraças e diamantes inquebrantáveis,
desses que
sopram ventos irrespiráveis.
Um sonho
grisalho de mãos apertadas e olhos plácidos,
desses de
lobos cinzentos com seus sons vibrantes e melancólicos.
Um sonho
vazio e repleto, tal como os olhos da loucura.
Desses de
punhos cerrados que gritam por liberdade e
daqueles que
se prostram expondo o dorso retorcido.
Sonhos que
não só flamejam, mas que ofuscam, aquecem,
queimam e
ardem os olhos vazios da desesperança – vermelhos.
Sonhos que
almejam o comum, a normalidade, a iniquidade,
por isso tão
distantes e estranhos, vivos e sonâmbulos.
Desses que anseiam ser mangas colhidas e sorvidas em amor.
Desses que anseiam ser mangas colhidas e sorvidas em amor.
Eu tenho um
sonho, um pequeno grande sonho, um pequeno grande e
desesperado sonho!
Um sonho
azul, de cabeças de vento e olhos fugazes.
Desses feito
castelos de areia e olhos de vidro,
desses que
carregam tantas expectativas e se edificam no ar,
desses que se perdem em tempo e calma – brancos,
que resgatam
o dia da noite.
Desses
enraizados em outros sonhos de pedra.
Pollyanna Nunes