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Mostrando postagens de março, 2012

As cidades e os símbolos 2

Da cidade de Zirma, os viajantes retornam com memórias  bastante diferentes: um negro cego que grita na multidão, um  louco debruçado na cornija de um arranha-céu, uma moça que  passeia com um puma na coleira. Na realidade, muitos dos ce- gos que batem as bengalas nas calçadas de Zirma são negros,  em cada arranha-céu há alguém que enlouquece, todos os lou- cos passam horas nas cornijas, não há puma que não seja cria- do pelo capricho de uma moça. A cidade é redundante: repete- se para fixar alguma imagem na mente. Também retorno de Zirma: minha memória contém dirigi- veis que voam em todas as direções à altura das janela, ruas de lojas em que se desenham tatuagens na pele dos marinhei- ros, trens subterrâneos apinhados de mulheres obesas entre- gues ao mormaço. Meus companheiros de viagem, por sua vez, juram ter visto somente um dirigível flutuar entre os pináculos da cidade, somente um tatuador dispor agulhas e tintas e dese- nhos...