Para um tempo de olhar a cor é breve
e já no repensar foge ao momento.
Quis ser na flor, no adeus, no rio lento,
mas se não há memória, não se atreve.
E mesmo no destino quase leve
das coisas que não sofrem entendimento
no indiferir do mundo desatento,
flor, adeus ou rio, — a cor é breve.
Laçando uma tenuíssima aparência
ao engano de ser, entretecida,
a cor, refluindo, é vã sobrevivência.
Mal se anuncia em tons, e apenas crível
Na remontante fuga da subida
demora azul, refeita de invisível.
(Livro Barca do Tempo)
Neste blog, há textos de aulas que assisti durante graduação em Letras, são contos, poemas, entre outros. "Leituras descontínuas" tem relação com as leituras que faço no dia-a-dia. São leituras de poemas, trechos de livros, pois que não existe continuidade nas leituras: lê-se um livro, uma imagem, um outdoor, um poema, um conto, uma crônica, por isso a descontinuidade. A maior parte dos textos - quando meus, são apenas ficções, sem correspondência exata com a realidade.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
A árvore não brotou no Jardim
A árvore não brotou no Jardim.
Desconheço a doçura do seio das flores.
Sou fruto das raízes.
Desconheço a doçura do seio das flores.
Sou fruto das raízes.
Os finos dedos do vento
Os finos dedos do vento
contaram os meus cabelos.
Meu corpo é o violino
nos leves dedos do vento.
(Livro Superfície)
contaram os meus cabelos.
Meu corpo é o violino
nos leves dedos do vento.
(Livro Superfície)
Não mais a estrela será tão alta
Não mais a estrela será tão alta
na grade dos dedos.
Está no lago
no espelho da noite
na mão suicida.
No lago
no espelho da noite
flutua a face da afogada.
(Livro Superfície)
na grade dos dedos.
Está no lago
no espelho da noite
na mão suicida.
No lago
no espelho da noite
flutua a face da afogada.
(Livro Superfície)
A sementeira de mortos. O rio.
A sementeira de mortos. O rio.
— Transformei-me em salgueiro
no rio da morte.
(Livro Superfície)
— Transformei-me em salgueiro
no rio da morte.
(Livro Superfície)
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